Créditos: Foto: Waguinho Alcará
Em abril, o Papa Francisco publicou sua Exortação Apostólica pós-Sinodal, sobre
a família, datada de 19 de março, Festa de São José. O documento está intitulado “Amoris
laetitia”, ou “Alegria do Amor”, e começa com a seguinte frase: “A alegria do amor que se vive
nas famílias é também o júbilo da Igreja”.
Trata-se de um texto de nove capítulos no qual o Santo Padre recolhe os resultados de dois
Sínodos dos Bispos sobre a família ocorridos em 2014 e 2015, O documento também cita
Documentos Papais anteriores, além de contribuições de Conferências Episcopais e de várias
personalidades.
O primeiro capítulo, “À luz da Palavra”, apresenta uma reflexão do Papa a partir das Sagradas
Escrituras, em particular, com uma meditação acerca do Salmo 128, característico da liturgia
nupcial hebraica, assim como da cristã.
No segundo capítulo, o Papa escreve sobre “A realidade e os desafios das famílias”, falando da
situação atual das famílias, mantendo os “pés assentes na terra” (AL 6). O matrimônio é
apresentado como “um caminho dinâmico de crescimento e realização”, no qual “somos
chamados a formar as consciências”, e “não a pretender substituí-las” (AL37).
O capítulo terceiro da Exortação, “O olhar fixo em Jesus: a vocação da família”, é dedicado a
alguns elementos essenciais do ensinamento da Igreja acerca do matrimônio e da família,
ilustrando a vocação à família de acordo com o Evangelho, assim como ela foi recebida pela
Igreja ao longo do tempo, sobretudo quanto ao tema da indissolubilidade, da
sacramentalidade do matrimônio, da transmissão da vida e da educação dos filhos.
“O amor no matrimônio” é o título do quarto capítulo da Exortação e ilustra-o a partir do “hino
ao amor” de S. Paulo na Primeira Carta aos Coríntios (1 Cor 13, 4-7). Este capítulo desenvolve o
carácter quotidiano do amor que se opõe a todos os idealismos: “o matrimônio, como sinal,
implica um processo dinâmico, que avança gradualmente com a progressiva integração dos
dons de Deus” (AL 122).
O capítulo quinto, “O amor que se torna fecundo”, foca-se na fecundidade, do acolher de uma
nova vida, da espera própria da gravidez, do amor de mãe e de pai. Mas também da
fecundidade alargada, da adoção, do acolhimento do contributo das famílias para a promoção
de uma “cultura do encontro”, da vida na família em sentido amplo, com a presença de tios,
primos, parentes dos parentes, amigos.
O sexto capítulo, “Algumas perspectivas pastorais”, fala de modo particular ao que fazemos
como Movimento de Casais Jovens, pois o Papa aborda algumas vias pastorais que orientam
para a edificação de famílias sólidas e fecundas de acordo com o plano de Deus. Destacam-se
importantes referências à preparação para o matrimônio e ao acompanhamento dos esposos
nos primeiros anos da vida matrimonial (incluindo o tema da paternidade responsável), mas
também em algumas situações complexas e, em particular, nas crises, sabendo que “cada crise
esconde uma boa notícia, que é preciso saber escutar, afinando os ouvidos do coração” (AL 232).
O sétimo capítulo, “Reforçar a educação dos filhos”, é integralmente dedicado à educação dos
filhos: a sua formação ética, o valor da sanção como estímulo, o realismo paciente, a educação
sexual, a transmissão da fé e, mais em geral, a vida familiar como contexto educativo. É
ressaltado pelo Santo Padre que “o que interessa acima de tudo é gerar no filho, com muito
amor, processos de amadurecimento da sua liberdade, de preparação, de crescimento
integral, de cultivo da autêntica autonomia” (AL 261).
O oitavo capítulo, “Acompanhar, discernir e integrar a fragilidade”, faz um convite à
misericórdia e ao discernimento pastoral diante de situações que não correspondem
plenamente ao que o Senhor propõe. O Papa usa aqui três verbos muito importantes:
“acompanhar, discernir e integrar”, os quais são fundamentais para responder a situações de
fragilidade, complexas ou irregulares. Neste capítulo, o Papa nos exorta à misericórdia pastoral
e faz um convite em suas palavras finais: “Convido os fiéis, que vivem situações complexas, a
aproximarem-se com confiança para falar com os seus pastores ou com leigos que vivem
entregues ao Senhor. Nem sempre encontrarão neles uma confirmação das próprias ideias ou
desejos, mas seguramente receberão uma luz que lhes permita compreender melhor o que está
a acontecer e poderão descobrir um caminho de amadurecimento pessoal. E convido os
pastores a escutar, com carinho e serenidade, com o desejo sincero de entrar no coração do
drama das pessoas e compreender o seu ponto de vista, para ajudá-las a viver melhor e
reconhecer o seu lugar na Igreja” (AL 312).
Finalmente, o nono capítulo trata da “Espiritualidade conjugal e familiar”, “feita de milhares de
gestos reais e concretos” (AL 315). Diz-se com clareza que “aqueles que têm desejos espirituais
profundos não devem sentir que a família os afasta do crescimento na vida do Espírito, mas é
um percurso de que o Senhor Se serve para os levar às alturas da união mística” (AL 316). “Os
momentos de alegria, o descanso ou a festa, e mesmo a sexualidade são sentidos como uma
participação na vida plena da sua Ressurreição” (AL 317).
Ao final do documento, o Papa afirma: “Nenhuma família é uma realidade perfeita e
confeccionada duma vez para sempre, mas requer um progressivo amadurecimento da sua
capacidade de amar. (…). Todos somos chamados a manter viva a tensão para algo mais além
de nós mesmos e dos nossos limites, e cada família deve viver neste estímulo constante.
Avancemos, famílias; continuemos a caminhar! (…). Não percamos a esperança por causa dos
nossos limites, mas também não renunciemos a procurar a plenitude de amor e comunhão que
nos foi prometida” (AL 325).
Texto baseado em notícia da Rádio Vaticano, disponível on line em:
http://pt.radiovaticana.va/news/2016/04/08/exorta%C3%A7%C3%A3o_%E2%80%9Camoris_laetitia%E2%80%9D_a_alegria_do_amor_na_fam%C3%ADlia/1221252
Autor: Sidnei e Karina